domingo, 6 de fevereiro de 2011

Paragem Terminal

Paragem terminal
Sento-me num lugar vago, do lado da janela, deixando o assento ao meu lado livre para outra pessoa. Sempre gostara dos lugares à janela. Quando era novo, costumava acenar aos automobilistas que passavam pelo autocarro. Às vezes, alguns deles acenavam-me em resposta. Apesar de tudo, tivera uma infância feliz.

Uma mulher com uma certa idade senta-se ao meu lado. Amontoando a mala, um saco de cartão e o chapéu-de-chuva no colo. Meio atrapalhada afasta o pé do corredor deixando um grupo de jovens passar para os lugares mais traseiros do autocarro.

Mais à frente, uma senhora entra com o filho choroso quase de arrasto. A criança chora por atenção. Esquecera-se do seu brinquedo e a mãe não quer voltar a casa para o ir buscar.

Vinte minutos mais tarde o autocarro está cheio. É hora de ponta e os lugares sentados estão todos ocupados. Há muita gente de pé. Uns rapazes empurram para abrir caminho. Querem chegar aos bancos de trás onde os amigos esperam por eles.

Eu permaneço sentado quando a senhora de idade sai na sua paragem. Permito-me a olhar e a imaginar a vida daquelas pessoas. Uma mãe solteira, cujo marido a abandonou, tenta controlar a sua criança. Um idoso faz o caminho diário para a praça onde vai comprar carne e peixe para a semana, legumes para a mulher, que está em casa à espera, fazer a sopa que ele tanto gosta ao jantar. Duas rapariguinhas de dezoito anos tentam estudar para o exame que terão quando chegarem à faculdade. Porém, hoje nada seria igual.

Tantas pessoas, tantas vidas. Comprometi-me a fazê-lo e que os céus me ajudem, vou fazê-lo. Não serei fraco, protegerei a minha família. A cobardia mora na casa ao lado, aqui tudo o que encontrarão é um homem, uma família, toda ela com um lugar guardado no céu.

Peço licença ao jovem que se sentara no lugar vago ao meu lado. A minha paragem é a seguinte. Agarro o Corão com toda a força. Deixo a minha mochila propositadamente no chão do autocarro, por baixo do meu assento.

Saio do autocarro e atravesso a rua. O sinal está vermelho e os carros são obrigados a parar. O autocarro encontra-se posicionado em frente à embaixada norte-americana. Pego no telemóvel e faço uma chamada.

2 comentários:

  1. txi ja nem me lembrava que tinhas escrito isto... e que eu tinha corrigido.

    fico contente por termos voltado a escrever =) ja tinha saudades de te enviar e de receber coisinhas para ler e comentar. yeey

    olha ja nem sei se te perguntei, mas escreveste isto no bus? quer dizer tu agora estudas ao pe de casa ne? ainda andas de bus?

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  2. ya eu ando de bus e sim essa saiu quando tava no bus, mas depois escrevi-a melhor na aula de histologia xD

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